Foto: Lúcio Bernardo Jr. / Agência Brasília |
Demanda por Técnicos Industriais em Eletrônica se intensifica
A indústria elétrica e eletrônica brasileira encerrou o ano de 2024 com um desempenho surpreendentemente positivo, alcançando um faturamento de R$ 226,7 bilhões, representando um crescimento nominal e real de 11% em comparação com 2023.
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o setor não apenas recuperou terreno após um ano difícil, mas também demonstrou uma robustez que poucos esperavam. E tudo isso logo após o anúncio do governo de investimentos de R$ 5 bilhões no setor até 2027.
Os números revelam uma recuperação significativa. A produção física cresceu 10,2%, impulsionada principalmente pelo desempenho da área elétrica. Os investimentos também aumentaram, totalizando R$ 3,9 bilhões, com um crescimento de 10% em relação ao ano anterior. A utilização da capacidade instalada saltou de 73% em dezembro de 2023 para 79% no final de 2024.
Um dos aspectos mais destacados foi o desempenho no mercado externo. As exportações cresceram 4%, somando US$ 7,5 bilhões, com destaque para os setores de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica (GTD) e Equipamentos Industriais. Os Estados Unidos se consolidaram como o principal destino, absorvendo 26% das exportações brasileiras do setor.
No entanto, esse crescimento traz à tona uma questão crucial: a necessidade de investimento na formação de técnicos industriais em eletrônica. Com o setor expandindo e modernizando sua capacidade produtiva, torna-se imperativo desenvolver uma força de trabalho qualificada que possa sustentar esse crescimento.
O mercado já demonstra sinais dessa demanda. O número de empregados no setor aumentou 7%, fechando 2024 com 284,2 mil trabalhadores - um acréscimo de 18,7 mil vagas em relação ao ano anterior. Para 2025, a projeção é de crescimento para 290 mil funcionários, o que evidencia a necessidade de programas de capacitação técnica.
A complexidade tecnológica do setor, especialmente com o avanço de áreas como energia solar - onde os módulos fotovoltaicos se tornaram um dos produtos mais importados - exige profissionais cada vez mais especializados. A formação de técnicos em eletrônica não é apenas uma questão de preencher vagas, mas de garantir a competitividade da indústria brasileira em um mercado global cada vez mais sofisticado.
O presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato, reconhece os desafios. Embora comemore os resultados de 2024, ele alerta para preocupações como a política fiscal e a desvalorização cambial, fatores que podem impactar os custos de produção em 2025.
Com perspectivas de crescimento de 6% no faturamento para 2025, chegando a R$ 241 bilhões, o setor eletroeletrônico brasileiro demonstra resiliência e potencial. Investir na formação de técnicos industriais não é apenas uma opção, mas uma necessidade estratégica para manter esse impulso de crescimento e inovação.
A mensagem é clara: o futuro da indústria eletroeletrônica brasileira dependerá não apenas de investimentos em infraestrutura e tecnologia, mas principalmente no desenvolvimento do capital humano capaz de impulsionar essa transformação.
Crescimento de 6% em 2025, apesar de desafios econômicos
A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) projeta para 2025 um faturamento de R$ 241 bilhões, representando um crescimento de 6% em relação ao ano anterior. A projeção vem acompanhada de cautela devido ao cenário econômico brasileiro, marcado pela elevação da taxa Selic para 12,25% e preocupações com a política fiscal e a desvalorização do real.
Os números da projeção indicam crescimento moderado em diversos aspectos. A produção física deve avançar 5%, enquanto os investimentos devem totalizar R$ 4,2 bilhões - um incremento de 7% comparado a 2024. As exportações são esperadas com um aumento de 3%, e as importações devem crescer 2%.
No mercado de trabalho, a expectativa é de expansão de 5,9% no número de funcionários, passando de 284,2 mil no final de 2024 para 290 mil ao fim de 2025. A utilização da capacidade instalada deve permanecer estável em 79%.
O presidente da Abinee, Humberto Barbato, destaca preocupação com o aumento da taxa de juros, que pode impactar o financiamento de produtos do setor. No entanto, ressalta que a projeção conservadora deve se manter, apesar dos desafios econômicos.
Mercado de celulares irregulares reduz, mas permanece desafiador
O mercado de celulares irregulares no Brasil mostrou recuo em 2024, mas continua representando um problema significativo para o setor. Segundo dados da consultoria IDC, as vendas de aparelhos irregulares caíram de 10,9 milhões em 2023 para 8,3 milhões em 2024, o que corresponde a 20% do total de celulares comercializados no país.
A Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacon) determinou que Amazon e Mercado Livre retirem anúncios de celulares sem homologação da Anatel e sem nota fiscal, após denúncia da Abinee. As plataformas têm 15 dias para apresentar relatório detalhado sobre o cumprimento das medidas, devendo remover anúncios de vendedores sem comprovação fiscal, restringir a comercialização a vendedores com notas fiscais e garantir que os anúncios incluam o código de homologação da Anatel.
Para 2025, a projeção é de uma redução ainda mais expressiva, com 5,2 milhões de unidades irregulares, representando 14% das vendas do setor. O impacto econômico é substancial: estima-se que somente em 2024 foram perdidos R$ 4 bilhões em arrecadação de impostos devido a aparelhos que ingressaram ilegalmente no país.
A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) segue atuando em conjunto com órgãos como Anatel, Senacon, Polícia e Receita Federal para combater esse mercado ilegal, realizando operações de fiscalização e apreensão em lojas físicas e marketplaces.
Mercado de computadores cresce 6,1% em 2024, impulsionado por mudanças tecnológicas
O mercado de computadores pessoais (PCs) e tablets registrou crescimento de 6,1% em 2024, alcançando 10,5 milhões de unidades vendidas, ante 9,9 milhões em 2023, segundo dados da IDC apresentados pela Abinee. O setor de Informática deve fechar o ano com faturamento de R$ 42,1 bilhões, um avanço de 14,1% em relação ao ano anterior.
A segmentação das vendas mostra dinâmicas distintas: notebooks devem recuar 1%, com 5,7 milhões de unidades; desktops permanecerão estáveis em 1,95 milhões de unidades; já os tablets apresentam crescimento expressivo de 32%, com 2,85 milhões de unidades comercializadas.
Para 2025, o mercado aguarda um novo ciclo de substituição de equipamentos, motivado pelo fim do suporte ao sistema operacional Windows 10 da Microsoft, sinalizando potencial aquecimento no setor de tecnologia.
Produção local de servidores para data centers ganha incentivos em 2025
A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) articula junto ao governo federal incentivos para a produção nacional de servidores para data centers em 2025. Em diálogo com o Atualidade Política, a entidade revelou estratégias para reduzir tarifas de importação e criar um Processo Produtivo Básico (PPB) específico para o setor.
O diretor de Informática da Abinee destaca a expectativa de estabelecer um PPB para data centers já no primeiro semestre de 2025, incluindo componentes importados como unidades de processamento gráfico (GPUs). A iniciativa busca corrigir desvantegens competitivas para produtos produzidos localmente.
A movimentação alinha-se à Política Nacional de Data Centers, que visa atrair investimentos globais para o Brasil. O presidente da Abinee, Humberto Barbato, enfatiza o potencial brasileiro, destacando a energia limpa como diferencial para atrair investimentos e desenvolver produtos para exportação.
A expectativa é criar condições para que o país se torne um hub importante de infraestrutura tecnológica, especialmente em servidores e armazenamento de dados.