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Pix Crédito: A nova face da transferência de renda do comércio para os bancos

Sistema bancário captura descontos do Pix em nova modalidade de crédito - Foto: Atualidade Politica / Divulgação
Sistema bancário captura descontos do Pix em nova modalidade de crédito - Foto: Atualidade Politica / Divulgação


Nova modalidade do Pix Crédito permite parcelamento, mas análise revela que descontos oferecidos pelo comércio acabam nos cofres dos bancos através de juros cobrados do cliente

Em meio à crescente popularização do Pix Crédito no Brasil, uma análise mais profunda revela um cenário preocupante: o que aparentemente seria uma facilidade para consumidores e comerciantes mascara uma nova forma de transferência de recursos do setor comercial para o sistema bancário.

O mecanismo é aparentemente simples: o comerciante oferece desconto significativo ao cliente que opta pelo pagamento via Pix, chegando a reduções de até 24% no valor final. No entanto, quando o cliente escolhe o Pix Crédito, essa economia não permanece com o estabelecimento comercial, mas é absorvida pelos bancos através das taxas de juros cobradas no parcelamento.

"Modalidade Pix Crédito promete facilidades, mas transfere para bancos os descontos originalmente pensados para consumidores", afirma Carlene de Castro - Foto: André Borges


"É uma relação extremamente injusta, onde os bancos se comportam como verdadeiros sócios do negócio, sem assumir qualquer risco operacional", afirma Carlene de Castro. A comerciante destaca ainda que, além das taxas já tradicionalmente cobradas nas operações comerciais, agora precisa arcar com mais esse ônus para manter a competitividade.

Os bancos argumentam que estão oferecendo facilidades tanto para consumidores quanto para lojistas. A narrativa institucional sugere que o Pix Crédito amplia as possibilidades de vendas ao permitir que clientes sem saldo em conta realizem compras imediatas, parcelando em até 12 vezes.

No entanto, a realidade mostra um cenário diferente: o desconto concedido pelo comerciante, que deveria beneficiar o consumidor final, acaba sendo captado pelas instituições financeiras através das taxas de juros do parcelamento. Essa prática representa mais uma camada de custos para os empresários, que já enfrentam uma elevada carga tributária e operacional.

Impacto na Economia Local

Especialistas alertam que essa dinâmica pode ter consequências negativas para a economia local. Quando os recursos que poderiam circular no comércio são direcionados para o sistema bancário, reduz-se a capacidade de investimento e crescimento dos pequenos e médios empreendedores.

Para consumidores conscientes desse processo, uma alternativa seria priorizar formas de pagamento que mantenham o desconto efetivamente com o comerciante local, contribuindo assim para o desenvolvimento da economia regional e a sustentabilidade dos negócios de menor porte.

O Peso dos Juros

Enquanto o Pix tradicional revolucionou o sistema de pagamentos brasileiro com sua gratuidade e instantaneidade, o Pix Crédito adiciona uma nova camada de complexidade e custos à operação. As taxas de juros praticadas no parcelamento podem chegar a patamares significativos, transformando o que seria um desconto ao consumidor em receita para as instituições financeiras.

Esta situação evidencia a necessidade de uma discussão mais ampla sobre o papel do sistema bancário no desenvolvimento do comércio local e sobre a distribuição mais equitativa dos benefícios das inovações financeiras entre todos os participantes do mercado.

Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica, especializado em Tecnologia da Informação e Comunicação. Atualmente, é Editor-Chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Possui ampla experiência como jornalista e diagramador, com registro profissional DRT 10580/DF. https://etormann.tk | https://atualidadepolitica.com.br

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