Volvo anuncia meta de redução de 75% da pegada de carbono de seus carros até 2030 (Foto: Volvo / Divulgação) |
Governo divulgou regras do Mover nesta terça (26); montadoras terão que cumprir percentuais mínimos de gastos com inovação
Por Nayara Machado - EPBR
Estimativas preliminares da Anfavea (associação da indústria automotiva) apontam que o setor vai investir em torno de R$ 60-70 bilhões em pesquisa e desenvolvimento pelos próximos cinco anos para cumprir as exigências do Mover (Programa Mobilidade Verde e Inovação).
Nesta terça (26/3), o governo assinou a portaria que regulamenta o programa que destinará cerca de R$ 19,5 bilhões em incentivos à eficiência e descarbonização da indústria automotiva.
Entre as regras para as montadoras poderem usufruir dos créditos financeiros está a obrigatoriedade de investimentos mínimos em P&D visando a sustentabilidade da frota de carros, ônibus e caminhões. Veja detalhes.
“[A regulamentação] nos dá previsibilidade. Contempla as diversas reuniões que ocorreram durante todos esses meses. Em geral, nós estamos bastante aliviados com a portaria e dando prosseguimento aos investimentos”, disse à agência epbr o presidente da Anfavea, Márcio Lima.
Na visão do executivo, o futuro da frota brasileira é eclético e o Mover contempla todas as tecnologias que levarão à descarbonização, respeitando as características de cada um dos combustíveis “de uma forma muito positiva”.
Durante a cerimônia de assinatura da portaria nesta terça, Lima disse que as políticas de incentivo anunciadas até agora pelo governo Lula 3 levam o setor a um novo patamar.
“O setor automotivo está de volta”, comemorou observando que, em dois anos, os investimentos previstos pela indústria dobraram, mas ainda são tímidos e podem melhorar.
Frota eclética
A expectativa é que, até 2026, será possível ultrapassar três milhões de veículos fabricados no país, aproveitando as diversas rotas de descarbonização: etanol, elétrico e híbrido.
“O otimista é um ingênuo e o pessimista é um chato. Mas eu sou um realista esperançoso. Nós vamos superar a meta dos três milhões”, afirmou Lima a jornalistas.
“Nós vamos ter produção tanto de veículos elétricos e híbridos elétricos no Brasil, em até dois anos. Alguns estão antecipando esse processo. Mas, sem dúvida, é uma realidade. Quem tem feito a escolha da tecnologia é o consumidor”, completou.
Para o presidente da Anfavea, enquanto nos Estados Unidos e Europa são as leis que estão definindo a rota de transição energética da frota, no Brasil, essa decisão caberá ao consumidor. “Nós vamos ter à disposição todas as tecnologias”.
Da combustão ao hidrogênio
Segundo o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, desde a assinatura da medida provisória que cria o Mover, montadoras já anunciaram cerca de R$ 107 bilhões no Brasil.
Os recursos estão previstos para serem investidos até 2028 na fabricação de veículos, com foco em tecnologias elétrica, híbrida e biocombustíveis.
Ricardo Bastos, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), destaca que a transição é uma oportunidade para a indústria brasileira investir em modernização e novas tecnologias, a exemplo da China, líder no mercado global de veículos elétricos.
Por aqui, os anúncios de investimentos de montadoras chinesas GMW, BYD e Caoa Cherry somam R$ 21 bilhões.
“A gente já parte de uma base muito boa no Brasil, que é a nossa energia. Temos aqui a energia elétrica renovável. Temos os biocombustíveis, o etanol e o biodiesel, também agora crescendo. Então, a oportunidade de nós termos a tecnologia automotiva combinada com as fontes energéticas é muito boa”, comentou Bastos na cerimônia.
“A indústria automobilística está passando por uma transformação global e o Brasil se coloca, com o Mobilidade Verde e Inovação, não só para receber os investimentos estrangeiros, mas também, tirando proveito de toda essa cadeia que nós temos instalada, muito forte no modelo a combustão, mas temos os híbridos, os híbridos plug-in, os elétricos e temos o hidrogênio pela frente”, completou.