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Demanda global por baterias supera vendas de veículos elétricos

As vendas de carros elétricos aumentaram 60% em 2022, ultrapassando 10 milhões de unidades, enquanto os sistemas de armazenamento de energia experimentaram um crescimento ainda mais rápido, dobrando de capacidade, mostra relatório publicado hoje (11/7) pela Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).

O motivo: o tamanho médio das baterias para carros elétricos está aumentando em quase todos os principais mercados.  

“A tendência de favorecer veículos maiores vista nos mercados de carros convencionais está sendo replicada no mercado de veículos elétricos, colocando uma pressão adicional nas cadeias de suprimentos de minerais críticos”, explica a IEA.

A publicação analisa o mercado de minerais críticos à transição, e aponta que as adições recordes de tecnologias de energia limpa estão impulsionando uma enorme demanda por minerais como lítio, cobalto, níquel e cobre. 

De 2017 a 2022, o setor de energia foi o principal fator por trás da triplicação da demanda geral por lítio, um salto de 70% na demanda por cobalto e de 40% por níquel. 

O mercado de minerais de transição energética atingiu US$ 320 bilhões em 2022, ganhando cada vez mais atenção da indústria global de mineração, que aumentou em 30% os investimentos nesse segmento. 

Entre os diferentes minerais, o lítio – principal componente das baterias – teve o aumento mais acentuado no investimento, um salto de 50%, seguido de cobre e níquel.

No mercado de armazenamento, a IEA observa que montadoras, fabricantes de células de bateria e de equipamentos estão cada vez mais envolvidos na cadeia de valor de minerais críticos em uma tentativa de garantir o fornecimento.

“Acordos de aquisição de longo prazo tornaram-se a norma nas estratégias de compras do setor, mas as empresas estão tomando medidas extras para investir diretamente na cadeia de valor de minerais críticos, como mineração, refino e materiais precursores”. 

Segundo a agência, desde 2021, houve um aumento notável nas atividades de investimento direto. 

Entre os exemplos, cita o investimento de US$ 650 milhões da General Motors na Lithium Americas e o plano da Tesla de construir uma nova refinaria de lítio nos Estados Unidos.

Os desafios nessa cadeia são muitos: a oferta é concentrada em alguns poucos países, a mineração é uma atividade de alto impacto ambiental e consumo de energia e, após o fim da vida útil, as baterias podem se tornar um lixo perigoso. 

Recentemente, a União Europeia firmou um acordo com a Argentina para aumentar a cooperação em matérias-primas críticas, incluindo o lítio, cuja demanda deve aumentar 12 vezes até 2030 na Europa.

O bloco aprovou em março um conjunto de regulamentos em busca de melhores condições de acesso a esses minerais.

A Argentina, por outro lado, é o quarto maior produtor mundial de lítio e vem atraindo uma onda de investimentos. O país, junto com Chile e Bolívia, está no chamado ‘triângulo de lítio’ da América do Sul, que contém o maior tesouro mundial do metal.

A reciclagem é outro ponto. Hoje, a grande maioria da capacidade de reciclagem está localizada na China, mas novas instalações estão sendo desenvolvidas na Europa e nos Estados Unidos, onde há políticas direcionadas para a logística reversa das baterias. 

Segundo a IEA, a sucata dos processos de fabricação está dominando o cenário de reciclagem hoje, mas isso deve mudar já na próxima década, quando as baterias de VEs usadas chegarem ao fim de sua primeira vida útil.

 No Brasil, só os 49 mil carros elétricos que entraram em circulação em 2022 somam cerca de 10-15 mil toneladas de baterias com vida útil entre 10 e 15 anos, calculam pesquisadores da Universidade Veiga de Almeida (UVA). 

É um mercado que desperta o interesse de startups. A IEA mostra que a reciclagem de baterias foi o maior destinatário dos US$ 1,6 bilhão em financiamento de capital de risco levantados no ano passado, seguida pelas tecnologias de extração e refino de lítio. As empresas sediadas nos Estados Unidos levantaram a maior parte dos recursos.

 “Startups canadenses e chinesas são notadamente ativas na reciclagem de baterias e refino de lítio. As startups europeias conseguiram arrecadar dinheiro para elementos de terras raras, reutilização de baterias e fornecimento de material para baterias”, completa.

Com informações de Nayara Machado da EPBR.

Emerson Tormann

Técnico Industrial em Elétrica e Eletrônica, especializado em Tecnologia da Informação e Comunicação. Atualmente, é Editor-Chefe na Atualidade Política Comunicação e Marketing Digital Ltda. Possui ampla experiência como jornalista e diagramador, com registro profissional DRT 10580/DF. https://etormann.tk | https://atualidadepolitica.com.br

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