Morte de técnico em audiovisual expõe limites do exercício profissional
Uma fatalidade ocorreu recentemente em um estúdio localizado em Barueri, na Grande São Paulo, quando um técnico de audiovisual sofreu uma descarga elétrica e acabou caindo de uma altura de quase cinco metros. Celso Guimarães Silva, de 49 anos, veio a falecer dois dias após o acidente enquanto instalava equipamentos para a gravação de uma live no estúdio pertencente ao polêmico 'coach messiânico' Pablo Marçal.
Relatos informam que Celso estava utilizando os equipamentos de segurança adequados, como capacete e talabarte, que é um dispositivo que prende o cinto de segurança à estrutura. No entanto, o choque elétrico causou a queda que ocorreu devido à ausência de um ponto de ancoragem apropriado.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual dos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Distrito Federal (Sindcine), Celso se acidentou ao subir em uma escada para fazer a instalação de um equipamento. Ele era contratado pela empresa Backstage para montar a live.
Marcelo de Campos Mendes Pereira, advogado que representa os trabalhadores do setor audiovisual, revelou que Celso sofreu a descarga elétrica ao tocar em uma estrutura conhecida como "grid", onde os refletores estavam instalados. Segundo ele, apenas os refletores deveriam estar energizados, mas o técnico acabou recebendo a descarga elétrica devido à inadequação da instalação.
De acordo com o Catálogo Brasileiro de Ocupações, os Técnicos em Audiovisual implementam projetos de produção de espetáculos artísticos e culturais (teatro, dança, ópera, exposições e outros), audiovisuais (cinema, vídeo, televisão, rádio e produção musical) e multimídia. Para tanto criam propostas, realizam a pré-produção e finalização dos projetos, gerindo os recursos financeiros disponíveis para o mesmo.
O Catálogo Nacional de Cursos Técnicos diz que o Técnico em Audiovisual será habilitado para:
- Captar imagens e sons;
- Realizar ambientação e operação de equipamentos por intermédio de recursos e linguagens;
- Investigar a utilização de tecnologias de tratamento acústico, de imagem, luminosidade e animação;
- Preparar material audiovisual;
- Elaborar fichas técnicas, mapas de programação, distribuição, veiculação de produtos e serviços de comunicação.
Outro ponto divergente está na legislação que regulamenta a profissão de Técnico em Audiovisual em relação ao Técnico Industrial.
No caso em questão, é importante destacar que o técnico em audiovisual não está incluído no rol de modalidades do Técnico Industrial, que é responsável por executar serviços diretamente relacionados à eletricidade e instalações elétricas. O óbito de Celso Guimarães Silva ilustra a importância de reconhecer os limites de atuação profissional e não se aventurar em áreas para as quais não se está devidamente habilitado.
No âmbito da segurança e qualidade dos serviços prestados, é fundamental que os responsáveis por projetos e empreendimentos contratem profissionais habilitados e capacitados para as atividades específicas que envolvem eletricidade e instalações elétricas. No caso em questão, o pastor coach Pablo Marçal deveria ter assegurado a contratação de um profissional devidamente habilitado para realizar os serviços necessários no estúdio, mitigando o risco de ocorrer tragédias como essa.
A lição que fica é que todos devemos estar atentos às nossas competências e responsabilidades profissionais, respeitando os limites impostos por nossa formação e habilitação. A segurança e o bem-estar de todos dependem disso, e evitar a extrapolação de atribuições é um passo fundamental para evitar acidentes e garantir um ambiente de trabalho seguro. Mais uma vez, é válido recordar o ditado popular que diz: "Cada macaco no seu galho!"
Polícia investiga morte de técnico após acidente
Atualização do portal Terra afirma que segundo o que foi divulgado pelo hospital, a causa da morte de Celso foi hemotórax, que é quando o sangue fica acumulado entre o pulmão e a parede torácica. Ele também sofreu uma fratura nas costas, na escápula e na clavícula direita. O caso é investigado como morte suspeita pela Polícia Civil de Barueri, que aguarda o resultado dos laudos da justiça.
Sem seguro
De acordo com a Record SP, o advogado de Pablo Marçal defende a posição de que o estúdio não possui responsabilidade pelo acidente ocorrido, atribuindo a culpa à produtora que alugou o espaço. Segundo ele, a equipe do estúdio não tem envolvimento no incidente e não pode ser responsabilizada por qualquer eventualidade.
Sonia, representante da equipe do estúdio, acrescentou que a produtora responsável pela contratação não providenciou um seguro para o trabalho realizado por Celso. Ela enfatizou a importância de um seguro de vida para os profissionais, independentemente da modalidade de contratação, seja como técnico em regime CLT ou autônomo emitindo notas fiscais.