Sou professor titular do Programa de Engenharia Biomédica da COPPE/UFRJ e há pouco tempo assumi a chefia do Laboratório de Engenharia Pulmonar e Cardiovascular do Programa.
Como os mais informados de vocês já sabem, estamos vivendo uma pandemia mundial de efeitos avassaladores e desafiadores para todo e qualquer sistema de saúde, em particular se o pico local da epidemia não for atenuado com medidas periféricas como o controle social.
Independente das ações ora em curso, a evolução de casos no Brasil (São Paulo e Rio em particular) se assemelha muito mais às da Itália e Espanha do que dos países orientais. Em breve aqui, como já acontece na Itália, as equipes de emergência terão que eleger quais pacientes ocuparão os leitos disponíveis de UTI e terão acesso a um ventilador mecânico, e quais serão deixados à própria sorte ou a cuidados paliativos. A gravidade dessa epidemia, por sua evolução, somente é comparável à gripe espanhola (H1-N1) havida há 100 anos.
Em nosso laboratório estamos estudando a viabilidade de desenvolver um modelo de ventilador mecânico de baixo custo e complexidade, que possa ser construído em massa, em pouco tempo e com os recursos disponíveis no mercado nacional, dadas as atuais dificuldades de importação. O equipamento tem que permitir a ventilação mecânica com diferentes concentrações de O2, e não causar barotrauma. Testamos uma versão, que aparentemente funciona, envolvendo o emprego de uma válvula Boussignac e válvulas solenoides, mas não atinge (ainda?) as condições ideais de ventilação invasiva.
Há dois dias tomamos conhecimento de que o Reino Unido lançou um edital mundial para a submissão de propostas de ventiladores já existentes e aprovados para uso clínico em pelo menos um país, que seja factível na Inglaterra. Creio que é oportuno pensarmos em adotar um esforço coletivo semelhante, visando salvar vidas de nossas comunidades. Assim como na grande guerra, “em que fábricas de penicos passaram a produzir capacetes”, imagino particularmente que um fabricante de eletrodomésticos possa redirecionar uma linha de produção para atender a essa demanda capital.
Enquanto isso não se faz possível, outras medidas mais ágeis podem ser realizadas. Por exemplo, imagino que apenas nos hospitais públicos haja centenas de ventiladores necessitando manutenção, mas que vêm sendo deixados de lado em troca de novos aparelhos. Afinal, como muitos sabem, muitas vezes é mais fácil a gente comprar um equipamento de alto custo do que consertar um!
No momento, precisamos de voluntário para tratar de:
A- fabricação da válvula Boussignac
B- fabricação da válvula de PEEP (mola - membrana)
C- contato com os fabricantes que possam se associar ao projeto em domínio público
D- Contato com fabricantes e distribuidores de oxigênio medicinal para instalar bicos em hospitais
E- contato com fornecedores de circuitos ventilatórios e conexões
F- Instrumental de monitorização da ventilação no leito, dado que nosso ventilador é cego
G- contato com produtores, distribuidores de HELMETs e máscaras
H- etc
Voluntários devem entrar no grupo público de Facebook
COVID-19 Air BRASIL - Fast production of assisted ventilation devices
ou preencher a lista de interesse caso não tenha Facebook
Lá espero que vocês consigam se aglutinar grupos menores específicos, skype, email, whatsapp etc. para cuidar desses diferentes pontos ou outros que surgirem.
Lá espero que vocês consigam se aglutinar grupos menores específicos, skype, email, whatsapp etc. para cuidar desses diferentes pontos ou outros que surgirem.
Jurandir Nadal