Expectativa da ABGD fica bem abaixo da projeção que a Aneel divulgou quando alterou as regras da modalidade, por conta da recessão
A microgeração distribuída deve alcançar 20 mil sistemas em operação em 2017, estima a ABGD, uma das associações que representa o setor de geração distribuída. “Em número de sistemas, vamos dobrar [em relação ao final de 2016], o que é muito pouco”, comenta o presidente executivo da associação, Carlos Evangelista. A Aneel projetava inicialmente que a modalidade atingisse 40 mil sistemas conectados até o final do próximo ano. Para o executivo, a perspectiva de prolongamento da recessão econômica é um dos principais fatores para essa projeção pouco otimista.
Mesmo que os novos modelos de microgeração – como a geração remota ou compartilhada e o aluguel de sistemas – tenham ampliado o número de consumidores que poderiam instalar novos sistemas, a modalidade já não cresceu como o esperado em 2016. Até novembro, eram 6670 unidades consumidoras gerando energia no Brasil. Mas a projeção da Aneel era de que, com as novas regras do sistema de compensação e a desoneração do ICMS sobre a energia gerada, o país chegasse a ter 14 mil sistemas instalados neste ano.
“É evidente que os resultados da economia impactam todos os negócios”, diz Evangelista. O executivo também lembra que pequenas e médias empresas, que em geral têm um retorno financeiro melhor com a geração distribuída, por estarem ligadas na baixa tensão, fazem planos de investimentos com prazos mais curtos, o que dificulta a opção pela instalação dos sistemas.
Não só em termos de expectativa e confiança do consumidor, o mal desempenho da economia também tem efeitos práticos que prejudicam a expansão da microgeração, como o encarecimento do crédito e o endurecimento das condições de empréstimo. Para pessoas físicas, que são as principais instaladoras de microgeração no país (79% dos sistemas), o financiamento é muito importante para tornar viável o investimento, que pode muitas vezes se equiparar à compra de um carro.
Aperfeiçoamento das regras também poderia ajudar a colocar a geração distribuída de volta no caminho de crescimento projetado inicialmente pelo governo. “O que ajudaria muito seria facilitar a burocracia com as distribuidoras, que ainda não estão preparadas”, sugere Evangelista.