Seria uma espécie de "Bolsa Família" na distribuição dos lucros e dos impostos arrecadados com o trabalho das máquinas autônomas
Com a previsão feita por cientistas de que a tecnologia irá evoluir substancialmente nas próximas décadas, as pessoas e os trabalhadores humanos serão substituídos por robôs em diversas áreas e atividades. Funções básicas como limpeza de ambientes até tarefas mais complexas tipo podar uma árvore serão cumpridas por autômatos.
Quando chegarmos a esse ponto, é certo que o modelo econômico que conhecemos vai mudar, e o CEO da Tesla Elon Musk tem um palpite de como as coisas vão funcionar depois que as máquinas assumirem a nossos empregos.
As pessoas terão tempo de fazer outras coisas, coisas mais complexas e mais interessantes, disse ele à CNBC. Certamente teremos mais tempo para o lazer. E então precisaremos descobrir como iremos integrar o mundo num futuro com muita inteligência artificial.
De acordo com Musk, o governo terá que pagar aos trabalhadores uma espécie de "Bolsa Família", um auxílio mensal com uma renda mínima para que a pessoa possa pagar suas contas e sobreviver.
"Existem boas chances de acabarmos adotando uma renda universal básica ou algo do tipo graças a automação. Eu não tenho certeza se vai ser assim, mas acho que pode acontecer"
Com essa renda, cada cidadão receberia uma quantidade básica de dinheiro mensalmente. Um processo parecido foi votado na Suíça em junho deste ano. O país foi as urnas para decidir se adotava uma renda básica dada pelo governo de 2500 Swiss, cerca de US$ 2.524,00. A ideia foi rejeitada pelos moradores do país.
Elon Musk é uma das pessoas que pretende começar a substituir trabalhadores humanos por robôs, e continuar gerando empregos (pelo menos por enquanto). Até 2026, a Tesla pretende criar um serviço de corridas ao estilo Uber com carros autônomos. Assim, o motorista poderá ativar o piloto automático e deixar que o veículo vá ao destino.
Uma ideia parecida também já está sendo testada com caminhões pela Otto, uma startup que pertence ao Uber. A empresa realizou sua primeira entrega autônoma recentemente, mas com um motorista na cabine, por questões legais.
Tecnofuturistas como Murray Shanahan e Ray Kurzweil acreditam que a tecnologia está se desenvolvendo numa curva exponencial, o que significa que estamos nos aproximando rapidamente de um momento em que nossa tecnologia irá nos ultrapassar, ou pelo menos nos tornar obsoletos. Kurzweil acredita que ainda estaremos vivos quando isso acontecer – no ano de 2045 – mas outros especialistas discordam.
Mesmo à medida em que a tecnologia se desenvolve, tenho dúvidas sobre a capacidade do ocidente capitalista passar por uma mudança cultural tão chocante. Claro, os trabalhos se tornarão obsoletos, mas podemos utilizar a tecnologia para inventar novos empregos - especialmente em países nos quais as pessoas são definidas por seu trabalho.
No histórico livro "A Sociedade do Espetáculo" de 1967, o filósofo Guy Debord argumenta que a automação, a epítome da indústria moderna, "confronta o mundo da mercadoria com uma contradição:... a mesma infraestrutura técnica capaz de abolir o trabalho precisa ao mesmo tempo preservá-lo como... o único gerador de mercadorias".
Debord acredita que quando os mecanismos aumentam a produtividade, "novas formas de empregos precisam ser criadas" antes que o tempo de trabalho caia "a um nível inaceitável". O que o teórico francês sugere é que, como cultura, nós nos definimos tanto pelo trabalho que continuamos a inventar novas funções quando as antigas se tornam automatizadas.
Musk acredita que a renda básica universal é inevitável. Mas ela não precisa eliminar todos os empregos dos humanos; na verdade, talvez acabemos criando funções novas para nós mesmos.