Diante de um ambiente macroeconômico adverso e com as maiores empreiteiras do país envolvidas nas investigações da Operação Lava-Jato, o investimento em infraestrutura deve recuar neste ano para 1,75% do Produto Interno Bruto (PIB), menor nível desde 2003, segundo estimativas da Pezco Microanalysis.
No ano passado, segundo estimativas de Frederico Turolla e Helcio Takeda, sócio e diretor de pesquisa da consultoria, respectivamente, as obras de infraestrutura somaram 1,98% do PIB, queda de 0,11 ponto percentual do produto na comparação com 2013.
As estimativas não incluem os investimentos no setor de óleo e gás e se baseiam em uma série de dados fornecidos pelas agências regulatórias, como Infraero.
O recuo ocorreu apesar dos leilões para a iniciativa privada realizados no primeiro mandato do governo da presidente Dilma Rousseff. Na área de transportes, as obras começaram a deslanchar no ano passado e os investimentos passaram de 0,55% do PIB em 2013 para 0,61% em 2014. Com os reflexos da Lava-Jato, elevação da TJLP e confiança em queda, porém, esses aportes devem voltar a cair neste ano, para 0,52% do PIB, diz Takeda.
O principal entrave, porém, está situado no setor de energia elétrica. Desde a edição da Medida Provisória 579 em 2012, que reduziu as tarifas de energia elétrica, os investimentos no setor caíram de 0,94% para 0,61% do PIB em 2015, segundo a Pezco. Para Takeda, é difícil vislumbrar mudança deste cenário no curto prazo, mas com maior realismo tarifário e novos leilões para a iniciativa privada, é possível que os aportes no setor voltem a aumentar em 2016. Os cálculo da consultoria estimam que os investimentos em infraestrutura podem somar 1,90% do PIB no ano que vem. Mesmo assim, será uma retomada insuficiente para recuperar o nível de 2014.
Até o impulso para a formação de capital fixo, em queda há sete trimestres, pode não ser tão relevante. "Vale lembrar que o investimento em infraestrutura representa uma fatia pequena dentro da FBCF. Seria como esperar que um forte crescimento na agropecuária seja suficiente para evitar uma variação negativa na taxa de crescimento do PIB", compara Takeda.
Fonte: Valor Econômico