Desligamento de usinas térmicas, renovação de concessões de hidrelétricas e maior volume de chuvas são apontados como fatores para contas de luz mais baratas
As tarifas de energia elétrica devem recuar no próximo ano, apoiadas em um cenário de chuvas previsto como mais favorável, desligamento de algumas térmicas e renovação de concessões de hidrelétricas, estimou ontem o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, ao participar do Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase)."O consumidor poderá dar uma respirada e acredito que no ano que vem haja a perspectiva de redução na tarifa", disse Rufino. "O custo da energia está no máximo e como vamos reduzir (o consumo este ano), isso reduz a tarifa em todo o País", acrescentou.
Rufino comentou que o cenário hidrológico é muito mais favorável para 2016 do que se projetava para 2014 e 2015. Caso a estimativa se confirme, há perspectiva de desligamento de algumas termelétricas no ano que vem.
"O que vimos de patamar de tarifa em 2014 e 2015 foi um que chegou ao limite do tolerável", disse Rufino. "Há previsão de hidrologia melhor; as renovações da concessões de usinas hídricas que serão embutidas nas contas a um preço mais barato; e os encargos na CDE não são recorrentes e terminam este ano", afirmou, referindo-se à Conta de Desenvolvimento Energético.
Redução da demanda
Outro fator que contribui para o cenário de tarifas menores este ano é o quadro de redução na demanda por energia diante da perspectiva de retração da economia, o que deve ajudar a poupar os reservatórios das hidrelétricas.
Órgãos do governo federal reduziram a perspectiva de crescimento da demanda por energia do País de 3,2% para queda de 0,1%o neste ano. Porém, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema elétrico (ONS), Hermes Chipp, afirmou ontem que já cogita uma nova revisão para baixo na projeção de consumo.
O governo federal tem até setembro para discutir uma nova revisão, mas o ONS acha que no fim de junho ela já poderá ser feita. "A demanda de maio já está 2 mil megawatts abaixo da nova projeção para o ano. Junho não deve ser diferente. A lei diz que, se houver um fato excepcional no curso, a revisão pode ser feita antes. Acho que no fim de junho já haveria elementos para isso", explicou Chipp.
Segundo ele, até recentemente as estimativas para o nível das represas de hidrelétricas do Sudeste no final do período de estiagem, em novembro, era de aproximadamente 10%, mas ontem a estimativa já apontava para 20%. "O cenário melhorou e eu diria que o risco de racionamento é praticamente nulo", disse Chipp.
Reservatórios
O ano de 2015 está sendo melhor em termos de chuvas e níveis de reservatórios hidrelétricos do que foi o anterior, segundo o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp. Ainda assim, acrescentou ele, o cenário "não é o desejado".
Responsável por definir as fontes de geração de energia no País, o ONS "depende de um volume maior de energia firme", cuja geração não depende do clima, como das chuvas, no caso das hidrelétricas, ou das altas temperaturas, no caso da solar. Atualmente, o operador tem recorrido, como solução, à produção de eletricidade de origem térmica, de maior custo.
Na abertura do evento, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, também transmitiu a mensagem de que o País não vive uma crise de abastecimento ou mesmo se aproxima deste cenário. Em seguida, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, ressaltou que o desafio está em equilibrar a segurança do fornecimento a custos mais razoáveis para o consumidor final.
Segundo o ONS, o consumo nos segmentos residencial e comercial ainda não foi afetado pelas campanhas publicitárias de uso racional da energia e continua em patamares elevados, apesar da alta na tarifa. (Com agências)