Os custos ocultos do uso de combustíveis fósseis para a saúde das pessoas é calculado emUS$5,3 trilhões em 2015, mais do dobro do que se previa para este ano, segundo economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI). Este é o preço dos efeitos danosos à saúde decorrente do aquecimento global e da poluição atmosférica. Este custo embutido do uso de combustíveis fósseis representa cerca de 6,5% do PIB global, disseram pesquisadores da instituição, em um estudo divulgado ontem.
Os economistas do Fundo afirmam que os formuladores de políticas deveriam começar a embutir imediatamente esses custos nos preços dos combustíveis para evitar malefícios dos seus usos, além de estimular maior eficiência energética e prevenir gastos com a saúde pública. O FMI afirma que custos não quantificados de poluição por carvão, petróleo e gás natural também deveriam ser considerados subsídios, já que as economias sofrem maiores encargos por serviços de saúde e multas por degradação ambiental.
"Essas estimativas são chocantes", afirma Vitor Gaspar, diretor de assuntos fiscais do FMI. O relatório cita como agravante o uso acelerado do carvão _ uma das fontes mais poluentes que existem_ nos gigantes asiáticos China e Índia.
O resultado do estudo pode fazer com que o FMI reforce sua pressão para que os governos ao redor do mundo acabem com a prática de manter os preços da energia artificialmente baixos para os consumidores. O estudo descobriu que o fim desta política poderia aumentar as receitas dos governos em até US$ 2,9 trilhões, ou seja, 3,6 %do PIB global, e ao mesmo tempo poderia contribuir para cortar as emissões de dióxido de carbono em mais de 20%.
"Compreender a magnitude dos subsídios à energia é fundamental para o avanço da reforma no setor", de acordo como relatório, escrito por uma equipe de quatro pessoas, incluindo David Coady, chefe de divisão no Departamento de Assuntos Fiscais do FMI.
O estudo se concentra no que é chamado de subsídios à energia "pós-impostos", um termo que se refere ao ato de cobrar menos pelo custo de fornecimento e por danos ambientais dos consumidores de energia, além da perda de receita devido à falta de impostos sobre o consumo, de acordo com o estudo do FMI. O termo também inclui a mortalidade e os efeitos na saúde decorrentes da poluição atmosférica, e também os custos do congestionamento do tráfego e os acidentes rodoviários.
A China é o maior contribuinte individual para o total, de acordo Vitor Gaspar, chefe do Departamento de Assuntos Fiscais do Fundo Monetário Internacional. A segunda maior economia do mundo é responsável por US$ 2,3 trilhões em subsídios, seguido pelos Estados Unidos, a primeira economia do planeta, que gasta US$ 699 bilhões dólar e da Rússia, que desembolsa US$335 bilhões em subsídios. No entanto, os próprios pesquisadores advertem que há incertezas e controvérsias na medição dos danos ambientais. Por isso, é preciso encarar os números com precaução. "Nossas estimativas são baseadas em suposições plausíveis, mas discutíveis", admitem seus autores.